sexta-feira, 1 de julho de 2011

De uma carta de Hélio Pellegrino

" O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio  Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro,e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência ,é respeitá-lo e amá-lo na sua gratuita e total inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida  em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. È meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva,pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome."